segunda-feira, 22 de maio de 2017

OLHOS NOS OLHOS

FERNANDO AZEVEDO

‘Olhos nos olhos, quero ver o que você diz/ Quero ver como suporta me ver tão feliz (Chico Buarque, música Olhos nos olhos).
Uma das coisas mais bonitas da vida, mais honesta, mais romântica são os olhos nos olhos. Dessa forma a gente se mostra e capta tudo do outro. A verdade vem à tona, os sentimentos afloram. Na Pediatria é um ato extremamente recomendável. Em berçários, por exemplo, quando um bebê dentro de uma incubadora abre os olhinhos e encontra a mãe fixada nele, ajudando-o, ele entende que daqui a pouco tempo também estará nos braços e no aconchego do colo gostoso. Na amamentação é lindo a troca de olhares, o bebê fixado nos olhos da mãe e ela retribuindo.
Não pensem que é brincadeira ou que estou inventando o fato para ter assunto. A mãe foi flagrada amamentando e de olho no TABLET. Pra mim é de mais. Não é possível que não se desligue esse aparelho (que está servindo mais para provocar patologias que trazer informações) e se estrague um momento tão belo como é o ato de amamentar e se os OLHOS NOS OLHOS não está funcionado nesse momento repetitivo a cada duas ou três horas o que pensar no resto do dia e quando a criança for maior. Aborrece-me realmente a falta de conversa, a falta de comunicação entre as pessoas que em vez de um bate-papo gostoso e de boas risadas trocam  essa oportunidade por uma conversa eletrônica.
Sabe-se perfeitamente e até o maior dinossauro tem conhecimento que sem a computação não existe mais o mundo. Estamos conectados durante todo o dia, vigiados por câmeras, sofrendo influências dos raios que se disseminam através dos controles remotos que se usa para tudo, mas não cabe abandonar o som de uma conversa, a descrição de um fato, um encontro musical em troca desses perniciosos aparelhinhos que uso e muito, mas sei como uso.
Olhos nos olhos, por favor, e olho no uso abusivo dessa maquininha que destrói a poesia de um encontro.

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