terça-feira, 2 de maio de 2017

O NÁUTICO



FERNANDO AZEVEDO


Está nos jornais e na boca do povo a difícil situação do meu e do nosso querido Clube Náutico Capibaribe. Um clube com 116 anos de existência não pode ter uma velhice como essa, de total desrespeito à sua história, com brigas e intolerâncias entre irmãos de mesmas cores. Volto a escrever que ser do Náutico e querer o seu bem é uma questão de genética. Meu pai foi remador na década de 20, eu atleta, diretor e conselheiro, meu irmão tudo isso e Presidente, meus primos, todos atletas e conselheiros e Ricardo Breno foi tudo e hoje é o único GRANDE BENEMÉRITO,o maior título concedido a um alvirrubro. Meus netos já estão todos fardados com suas camisas. Genro e noras também não tem opção. Conheço bem o clube. Divergências sempre existiram e isso é saudável. BRIGAS NÃO. E é isso o que está acontecendo. O Náutico já teve mecenas e não vou citar nomes. Faltava dinheiro e lá ia uma comissão que era muito bem recebida e o cheque assinado. Salvavam o clube de situações financeiras difíceis. Essa figura não existe mais embora recentemente, dias atrás, um novo mecenas apareceu para pagar a prestação do Profuti, uma dívida federal que se não paga, agrava e torna desesperadora a situação. Jogadores que não recebem, funcionários pobres sem seus vencimentos e os casos na Justiça do Trabalho aumentando e arruinando o clube. Não frequento há muito tempo as reuniões do Conselho Deliberativo onde tinha taquicardia durante e insônia depois. Não é uma sala nobre e sim um ringue, um octógono e não são proibidos golpes baixos. Vale tudo mesmo. O social não funciona, não há um evento. Ah, não se frequenta mais clube! Logo adiante o Country e um pouquinho depois a AABB provam que o cidadão é ávido por uma associação social e que pode abrigar torcedores de outros clubes como foi na minha época com o basquete cheio de rubro-negros e o Sport cheio de alvirrubros. O ambiente era salutar. O Timbu Coroado um gigante adormecido que poderia fazer eventos mensais de preparação para o carnaval se limita a bisonhamente sair às ruas no domingo. Meu tempo no clube passou, não posso mais ser o que fui nem assumir nenhuma tarefa, mas jamais deixei de pagar minha mensalidade apesar de ser dispensado dela por ser Sócio Emérito. Se construirmos uma comunidade onde haja compreensão entre seus participantes salvaremos o clube. Se suceder o contrário teremos a escolha entre o enterro e a cremação material. Espiritualmente o Náutico persistirá ad eternum olhando sem amaldiçoar os que lhes fizeram tanto mal.


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