segunda-feira, 17 de abril de 2017

O MÊDO DO SOL


FERNANDO AZEVEDO
 
Não vou entrar em discussão se o sol provoca câncer de pele. Tá certo, provoca.  Há, no entanto um exagero e um verdadeiro pavor ao nosso querido astro. Uma vez perguntei a um francês: - Se você tem a França, porque o Recife? Respondeu ele: - Pelo Sol Fernando, você não imagina o que é o sol! Eu realmente não imagino porque o conheço desde nasci e sempre o usei. Menino da minha época não tinha camisa depois que voltava da escola. Vivia pelos quintais e ruas os louros ficando morenos e os morenos ficando pretos até que o inverno chegasse e as chuvas escondessem esse nosso companheiro. O que se vê hoje é o boné, as camisas protetoras, os óculos, calças compridas e as corridas ora de bicicleta ora a pé mesmo e o banho de mar voltando a esconder em burcas o corpo das crianças. Num artigo do Pediatrics, uma das melhores revistas pediátricas do mundo, leio uma pesquisa em Londres feita entre 2000 e 2014 pelo Child Health da University College London. Foram pesquisadas 711.788 crianças de 0-17 anos encontrou-se um acentuado aumento do déficit de vitamina D comparado à pesquisa de uma década anterior. A indústria de cosméticos (filtro solar) e vestuário agradece penhoradamente, mas a saúde não. A vitamina D tem enorme importância para o nosso bem estar e saúde. Ossos fortes na infância significa menos fraturas na velhice, menos osteoporose, e menos implantes dentários. Vamos a outros benefícios: cérebro mais saudável, menos Parkinson e Alzheimer (Revista Neurology (2014), menos infecções por vírus e bactérias, coração mais saudável, menos obesidade e menos TPM. A suplementação com vitamina D (os laboratórios exultam com a heliofobia) sozinha não é suficiente. É necessário expor sua pele ao sole basta os membros superiores e inferiores se não quiser queimar seu rosto. O mundo passa por manias e o medo do sol é uma delas. Agradeço muito ter sido de outra geração, a que corria só de calção pelas ruas atrás de uma bola ou empinando papagaio e roubando frutas pendentes. Aos 76 anos sem dentadura, sem fraturas sem alterações cognitivas detectáveis, feliz da vida com meus carros velhos e roupas fora de moda. Ah! E sem filtro solar.

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