segunda-feira, 21 de novembro de 2016

VAQUEJADAS, RODEIOS, E OUTRAS COISAS MAIS.



FERNANDO AZEVEDO
VAQUEJADAS, RODEIOS, E OUTRAS COISAS MAIS.

Tenho uma cena inesquecível na minha cabeça, gravada na infância. O corte do rabo de um cachorro na casa de meu padrinho Henrique. Assisti porque foi um espetáculo público e todo menino é curioso. Chegou o executor, amarrou fortemente com um barbante o rabo do cãozinho que as gritos de dor reclamava e logo após, bem contido, colocou o facão sobre o rabo abaixo do barbante e meteu o martelo. Em seguida colocou cinza do fogão sobre a ferida e tarefa cumprida. Todos os adultos em seu estado normal e eu extremamente triste. Ato brutal. No cinema comecei a assistir as touradas um dos atos mais covardes onde o homem com sua prepotência e demonstrando sua habilidade para o mal, sangra um animal inofensivo até o golpe final. A plateia delira.  Agustín Lara compõe GRANADA (tierra ensanguentada de sangue de toros). Lá vem os circos da minha infância com leões. elefantes, cachorros, enjaulados e a viajarem pelo mundo sob o domínio do homem para mostrar que é um ser superior. Depois os jardins (?) zoológicos com animais de todos os portes fora do seu habitat natural, longe dos seus pares, para serem apreciados pelo homem. No Espinheiro bairro de minha infância e juventude no Recife as brigas de canário e galos em rinhas onde o homem ganhava e perdia dinheiro. Galos com esporões recobertos com aço pontiagudo. Sabe-se até da anedota de um sulista que chegou cheio de dinheiro numa rinha de galo e perguntou a um velhinho frequentador que ao forasteiro foi indicado como grande conhecedor dos galos.
-Meu amigo vou apostar nessa briga e qual é o galo BOM?
- Aquele, aponta o velho. O apostador joga todas as suas fichas no galo indicado que com dois minutos de luta já estava morto.
- Perdi muito dinheiro, o senhor não disse que o que morreu era o bom?
- Disse mesmo. Aquele era o galo BOM o outro é que era o MALVADO.
Jânio Quadros proibiu briga de galo, de canário e biquíni nas praias com sua doidice. O Supremo Tribunal Federal decide acabar com as vaquejadas numa canetada semelhante à de Dutra com os cassinos em 1946. Não acaba com os rodeios cujo maltrato aos animais é estúpido, pois o touro pula daquele jeito por espremerem os seus testículos com uma cinta.
Sou contra ideologicamente a qualquer ofensa a animais. Sempre tive revoada de passarinhos sendo meu último reduto o consultório, já que o engaiolado agora sou eu. Acho somente que o ato deveria dar um prazo para a proibição das vaquejadas que representam um sustento para uma população pobre que precisa aprender outros ofícios. Por outro lado estranho a manutenção dos rodeios, onde o mau gosto impera e assistimos o aperto dos testículos dos animais e dos nossos com os cantores e a música que domina atualmente o Brasil.

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