segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O SONO


FERNANDO AZEVEDO


Uma das queixas mais frequentes em consultório, o sono, vem seguido de um pedido quase de joelhos: “Dê um jeito para que ele durma, pois não aguento mais de cansaço”. Vamos então aos fatos. No primeiro ano e, sobretudo nos primeiros meses a necessidade de alimentação é maior pelo rápido crescimento do bebê. A cada três horas ele quer mamar e isso rola por toda a noite e realmente cansa. Quando estão em mamadeiras o fato se repete. Começam então os erros. Depois de alimentadas devem ficar no berço. Deixar que aprofunde o sono no braço, ao colocar na cama acorda e volta para os braços da mãe ou de quem cuidar. O segredo é deitá-lo ainda quando estiver sonolento e fazer o hábito de dormir no seu cantinho. Leva-lo para a “cama compartilhada” é um hábito que se prolonga e conheço caso de dormir com os pais até a adolescência. Após a licença maternidade, o bebê já com seis meses geralmente vem outro mau hábito. Pela ausência dos pais durante o dia, ao chegarem querem curtir o filho, conviver, acarinhá-lo. Está certo só que com a excitação a criança fica alerta e não quer dormir ou interrompem de mais o sono voltando aos primeiros erros citados: braço e cama compartilhada. Converso muito sobre o “ritual do sono”, essa disciplina de vida que tem que começara bem cedo. Conversei essa semana com uma cliente sobre a importância de após certo horário (cada casa tem os seu) começar a preparar a criança para dormir. Um banho morninho, depois uma meia luz, e nada de TV, só cânticos, dependendo da idade contação de história, coisas relaxantes. Falei também da existência de aplicativos de músicas que podem ser baixados e a mãe me falou que usava, mas ai a criança espertava. Pedi a ela que mostrasse a música que usava. Ela como boa pernambucana mostrou no celular um FREVO. Não há quem durma ouvindo um frevo. Deixei que ela ouvisse no meu músicas de ninar, cantigas em tom menor, nunca em maior como o nosso patrimônio musical que como deriva o nome faz o povo “frever”. Nas crianças maiores e adolescentes o grande vilão são os eletrônicos (celular e TV) e, sobretudo os jogos. Isso traz péssimas noites de sono e baixo rendimento escolar e falsos diagnósticos de TDHA. Conheci o tal do Pokémon GO semana passada. Terrível! Enquanto se caça os Pokémon o cérebro vai à loucura e os pais entram nesse manicômio.
Remédio para tudo na vida: DISCIPLINA              e isso tem que começar bem cedo em relação a sono, alimentação, banhos, higiene corporal em geral, colaborar com tarefas caseiras e tudo que possa tornar uma convivência saudável e responsável. Outra coisa importante na disciplina: a obediência da criança aos pais, sem gritos e sem pancadas. Assim se constrói o cidadão com bons hábitos.

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