quarta-feira, 20 de abril de 2016

QUEM BEIJA MEU FILHO MINHA BOCA ADOÇA



FERNANDO AZEVEDO

Esse é um ditado muito antigo e representa o agradecimento de uma mãe ou pai a quem cuida

e trata bem seus filhos. O problema é que o ADOÇAR está cada vez mais proibido. A guerra ao

açúcar é universal. Uma série de doenças é listada atemorizando aqueles que gostam de um

docinho. Venho do tempo das rapaduras dos engenhos e elas apesar de gostosas acabavam

primeiramente com os dentes e depois com a própria nutrição do povo da zona da mata que

não tinha proteínas para comer e saciava a fome com ela, de alto valor calórico. A consciência

de uma alimentação correta aumenta e com isso a longevidade caminha junto. As vidas que se

acabavam aos cinquenta e sessenta anos estão atingindo os 100 e ser centenário não

representa mais nenhum espanto. Tudo isso graças aos conceitos de Geriatria que é a

Pediatria dos homes e mulheres quarentões e quarentonas. Os conceitos de nutrição,

atividade física as mais diversas são coadjuvantes de todo esse processo do envelhecimento

em condições favoráveis. Surge uma série de atividades físicas e intelectuais para os

aposentados da vida que se contentavam com uma cadeira de balanço e um pijama. Em breve

tem que ser revisto o estacionamento dos idosos, pois a partir de 60 anos há um mundo de

pessoas extremamente ativas e aquele símbolo do velhinho de bengala não cola. Eu que estou

caminhando para os 76 anos evito muitas vezes ocupar o chãozinho azul. Acho que pode ter

alguém precisando mais que eu. A PEC da bengala passou e os setentões não são mais

compulsoriamente aposentados.

A ditadura do não ao açúcar é que deve ter algumas ressalvas. Uma coisa é formar uma

geração de “formigas” como foi a minha. Mas será que está certo passar pela vida sem tomar

um caldo de cana, chupar um pirulito, comer uma cartola, arroz doce com canela, o doce

japonês, pé de moleque, e o nosso cartão postal que é o bolo de rolo?

Formar a consciência de uma dieta correta é uma coisa e o fanatismo obsessivo outra.

Tô dentro e tô fora. Quem beijar agora meus netos, minha boca adoçará e lamberei os beiços.

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