terça-feira, 22 de dezembro de 2015

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

FERNANDO AZEVEDO

O Brasil assusta pela sua decadência moral. Enoja ler o noticiário político e ao mesmo tempo

anima ver a prisão dos antes intocáveis. A saúde é um desastre e a PÁTRIA EDUCADORA ímã

lástima. Relatório do IBGE a Sínteses dos Indicadores Sociais de 2015 publicado em Dezembro

mostra uma cena constrangedora. A gravidez de meninas entre 15 e 19 anos revela que 85%

delas não completaram o ensino médio. 50% não estudam nem trabalham e as que se ocupam

com trabalhos caseiros somam 92%. Representam 17,4% da fecundidade total do país. Triste,

muito triste, porque a infância e a adolescência são períodos onde o investimento cultural tem

que ser intenso para formar um adulto pronto para ter seu emprego, seu salário e seus

projetos de vida. Cada vez mais vemos esse grupo ligado ao crime e às drogas. O problema não

é de hoje, mas o que decepciona é que cada vez mais ele cresce. A gestação numa adolescente

compromete a sua vida, é um risco. Por outro lado destrói qualquer possibilidade como mostra

a estatística, de tornar-se uma pessoa capaz. Quando acontece em meninas de classe média

ou alta, tenho exemplos disso no consultório, o primeiro problema é a expulsão do colégio, e

como se  diz popularmente, além da queda o coice. Desestrutura as famílias, pois o pai

adolescente também não tem o menor preparo para a responsabilidade de genitor. Para quem

sobra? Para avós que não estão mais na vida para educar e sim curtir a fruta plantada. Casar os

jovens nem pensar. Temos que deixar a vida seguir dando todo o apoio possível aos dois. Nas

classes pobres isso é impossível, não há essa possibilidade de apoio. Cada dia se torna mais

importante o planejamento familiar. Famílias cuja matriarca teve mais de vinte filhos não

existem mais. Na minha geração tenho fotos de famílias de seis e cinco filhos, mas também

não terei com os jovens de hoje. Saio relíquias. Pode-se dizer hoje que um é pouco, dois é

bom, três é de mais. As casas não cabem, os carros também e o bolso não aguenta parar saúde

e educação, pois um filho hoje está custando em torno de R$3.000,00 no barato. O mundo

discute a natalidade. 179 governos participam do CIPD (Conferência Internacional sobre

População e Desenvolvimento). Ter filhos por escolha, nãopor acaso. Países estão velhos e

precisando de crianças. Outros não podem receber crianças pela falta de condições

ambientais, alimentação, guerras ou superpopulação como na China que agora liberou para

alguns o direito a um segundo filho. Os jovens brasileiros estão procurando oportunidades na

Europa ou no continente norte americano, mas não são muitas. Estão decepcionados com o

desemprego que só cresce, e o país afunda na corrupção e lama que não é só de Mariana. É

fétida em Brasília onde estão os poderes da República.

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