segunda-feira, 1 de junho de 2015

ENTREVISTA

FERNANDO AZEVEDO

JULIA- Vovô, no seu tempo de criança tinha televisão.
FERNANDO– Não Julia. Quando a televisão chegou ao Recife eu já era estudante de medicina, já tinha 20 anos.
(Para recordar a TV no Brasil foi trazida por Assis Chateaubriand e inaugurada em 18/9/50 – TV Tupi- SP e em Janeiro de 1951 a TV Tupi Rio- Em 1960 foi instalada em outros estados brasileiros.).
JULIA- No seu tempo de criança como as pessoas se comunicavam
FERNANDO– Fazendo visitas aos amigos e com os que moravam longe, através de cartas e telegramas
JULIA – Hein?
FERNANDO- Era assim Julia, a gente escrevia cartas, colocava no correio e se o assunto fosse mais urgente usava o telegrama que era mais rápido.
JULIA – E o telefone?
FERNANDO – Só algumas casas tinham Julia.
JULIA – Hein?
FERNANDO – Isso mesmo Julia, era muito difícil conseguir um telefone e se pedia a quem tivesse um o favor de telefonar para dar um recado urgente.
É um problema para uma entrevistadora de 9 anos conversar com um dinossauro de 74. Anotou tudo, mas não sei se entendeu. Acho que nunca viu uma carta ou um telegrama. Da mesma forma não vai conhecer uma cadeira na calçada para conversar com um vizinho. Não vai conhecer a solidariedade que havia entre os moradores de uma rua, pois num edifício poucos se conhecem e raras são as respostas a um BOM DIA num elevador.
O mundo é de mudos que usam a ponta dos dedos para externarem sentimentos, Cessa o riso, o olhar, a lágrima a um afeto e discute-se se é melhor um I-phone ou um smart-fone.
Continuo atrás de um bom papo, olho no olho, som de vozes e faces de emoção. Assim é melhor.

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