terça-feira, 3 de março de 2015

SARAMPO E O ABSURDO DE NÃO VACINAR

FERNANDO AZEVEDO

Quando retornei do Rio de Janeiro onde fazia Residência Médica no Hospital dos Servidores do Estado, tornei-me a convite, assistente do Prof. Fernando Figueira na Faculdade de Ciências Médicas. Uns poucos anos depois com a aposentadoria de um dos assistentes de meu pai, Rinaldo Azevedo que lecionava a cadeira de Doenças Infecciosas me transferi para tomar conta das crianças do pavilhão de isolamento. Lá eu seria muito mais útil e fui. Nem meu pai nem o Dr. Antonio Aguiar tinham conhecimentos pediátricos e também não havia enfermagem adequada. Existiam crianças com Sarampo, Difteria, Coqueluche, Poliomielite, Raiva, e Tétano. Consegui trabalhando de domingo a domingo e sozinho com o auxílio da Enfermeira Bárbara uma holandesa pau pra toda obra melhorar os índices de mortalidade. O número de crianças aumentava e já ocupava metade do isolamento e foi necessário então construir o Isolamento Infantil. Comecei a contar nessa transição com a inestimável presença de João Regis, recém-formado e indicado pelo Prof. Antonio Figueira. Criamos então o internato com alunos do sexto ano e posteriormente a Residência em Pediatria e ai o quadro aumentou e a qualidade melhorou muito e dai pescamos Dra. Ângela e Analiria que hoje são as chefes do departamento. Tínhamos, no entanto ENFERMARIAS de Difteria, Sarampo, duas de Poliomielite, vários leitos com tetânicos maiores e recém-nascidos. Sabíamos que tudo aquilo poderia acabar se a população fosse vacinada, mas a assistência pública era precária e a ignorância alta. Todos nós tínhamos de obrigatoriamente fazer traqueotomias diárias e a qualquer hora. Aprendi e ensinei. Ninguém fez mais esse procedimento salvador que nosso grupo. Começaram as campanhas nacionais de vacinação e essas doenças foram desaparecendo felizmente. Agora há um movimento mundial contra a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) relacionando a fração do Sarampo com o autismo infantil. Nos Estados Unidos começa o Sarampo a ressurgir, assim como na Europa. Aqui tivemos um broto epidêmico recente. Sabemos que qualquer medicamento pode apresentar efeitos colaterais incluindo as vacinas, mas o saldo positivo é impressionante e não pode ser apagado por casos raros de efeitos colaterais se é que isso é verdade (autismo). Já tivemos problemas com a vacina BCG, a vacina Sabin oral para Poliomielite, mas foi ela que acabou com a doença no mundo, restando alguns focos na Índia e na África. Hoje volta a primeira vacina Salk de vírus mortos que não provoca doença em crianças com imunidade baixa porem mais difícil de ser aplicada em campanhas. O Zé Gotinha vai a qualquer lugar. Fique atento a carteira de vacinação de seus filhos e não caiam nessa conversa de não vacina-los por favor. A consciência não apagará esse ato de ignorância.

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