segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

ALCOOL E CIGARRO

FERNANDO AZEVEDO
Não sou inocente: fumei e bebi. Vamos ao entanto a algumas considerações. Sou da geração pós segunda guerra mundial quando o “american way of life” influenciou o mundo inteiro. Os filmes românticos com os galãs fumando seus cigarros de forma charmosa, os cowboys tomando seu uísque sem gelo daí o termo uísque caubói, e a completa e total desinformação sobre qualquer mal que isso pudesse trazer. A meninada toda entrou nos dois. Não me lembro de um amigo de juventude que não fumou e não bebeu. Até jogando basquete quando estava no banco dava para dar uma tragada se o jogo estivesse nervoso. Quem não se lembra do grande campeão de 70, Gerson fazendo propaganda do cigarro Del Rey “o que levava vantagem em tudo” que virou a Lei Gerson. Fotografias oficiais da seleção de 58 tava lá a turma com um cigarrinho na mão. A compreensão dos malefícios do cigarro durou décadas, chegando-se à proibição da publicidade e do fumo na maioria dos locais, extinguindo-se até os fumódromos. Larguei o cigarro há uns 35 anos após uma viagem aos Estados Unidos onde naquela época tive grande dificuldade para acender um cigarro, pois já havia leis rigorosas contra ele. Refleti e parei de fumar com muita força de vontade, mas também sofrimento, pois a droga quer manter os níveis a cada 20/30 minutos. O álcool também deixei, mas por uma causa quase mortal. PANCREATITE. Em Maio completo seis anos de vida de “pastor”. Realmente gostava de toda bebida menos conhaque. Bebia diariamente minha cervejinha noturna – duas garrafinhas- saboreando queijos e outros tira-gosto. Hipertensão moderada controlada. Aí como médico já tinha inteira consciência da dependência embora o trabalho excessivo me proibisse de tomar qualquer dose. Confesso e dizia em casa que tinha muito medo de aposentadoria pois com certeza iria pelo ócio, aumentaria o consumo. “A pancreatite deu verdade ao aforismo que ‘todo mal vem para um bem”. Tenho cuidado em restaurantes com o vinho branco nos peixes. Sem o álcool e o salgadinho acabou a hipertensão também. Por que escrevo sobre essa confissão de culpa? Para advertir a juventude, que está bebendo pra cacete, e bebida forte como vodka e pior, misturado com refrigerantes e assim você ingere muito mais rápido sobretudo no clima quente como o nosso. Tenho tido problemas no consultório com “porres” que podem servir de advertência, mas pior com dependência e já tendo um doloroso caso de depressão e suicídio. Não há possibilidade hoje de um jovem não saber que está se drogando. Minha geração não tinha essa consciência e esse é o fator atenuante. Outras drogas como maconha, cocaína etc. nunca conheci ninguém que usasse. Traficantes? Nem pensar nessa existência. Hoje o negócio está brabo. Carnaval vem ai, próxima semana. Muitos encherão o pote e muitos conhecerão o beber. Nada melhor que uma boa conversa para aumentar a consciência do mal. Os ganhos econômicos com bebida são impossíveis de serem calculados e a propaganda jamais será proibida. Cuidado moçada, muito cuidado pois o bem querer por vocês é grande.

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