segunda-feira, 13 de outubro de 2014

CRÔNICAS SOBRE VIAGENS

FERNANDO AZEVEDO

Gosto de escrever sobre o que vejo nessas viagens que faço. Gosto de apreciar costumes e comportamentos e por isso não me atrai os programas em resorts onde estão todos numa rede ou cadeira de piscina comendo e bebendo, se deliciando com o all inclusive. Não, não consigo. Quero um hotel duas a três estrelas e rapidamente ir para a rua ver gente e lugares que me despertem atenção. Sou urbano, gregário. Gosto da padaria na esquina e andar a pé. Não tomem essas anotações como a de uma pessoa pretensiosa no assunto turismo, mas de um cronista pequeno



AMSTERDAM E SUA ZONA VERMELHA
FERNANDO AZEVEDO

Quem pensar que sou um puritano, um radical pra qualquer lado não tem a mínima noção de quem realmente sou. Entendo e aceito todas as religiões, todos os comportamentos, todas as opções de vida. Escolho só o meu caminho e procuro orientar os meus descendentes naquilo que acho a melhor escolha, sem querer servir de exemplo pra ninguém. Sou, no entanto de uma geração completamente desinformada sobre sexo. Jamais conversamos com nossos pais, tudo se aprendia com os mais velhos e a iniciação sexual era na Rua da Guia, Rua do Bom Jesus e Rua do Rangel, além da caça noturna às empregadas domésticas. Portanto prostituição é um assunto que defendo tese de doutorado com experiência em vários estados brasileiros. A profissão mais antiga do mundo como é conhecida mudou para uma coisa mito mais fina e cara. São as garotas de programa e afins, tudo com muito mais “dignidade”. O bairro vermelho é chocante no sentido de desatualização de comportamento. Pequenos cubículos com mulheres seminuas num espaço de não mais de 2 metros quadrados se muito e uma multidão a passar levada por guias turísticos de diversas nacionalidades. Não consegui saber o preço de uma aventura dessa e não vi e acho que nem existe a possibilidade de uma “coelhada”, pois não pode pertencer ao gênero humano nem a prostituta nem o comedor. Cheirei todas as fumaças nas ruelas. A comparação que faço seria como no bairro de São José entre ruas estreitas do Pátio de São Pedro, Rua Direita e Livramento voltando pela Rua do Rangel etc. Existem restaurantes, lojas de sex shop e os famosos batedores de carteira. Uma senhora do nosso grupo foi roubada em tudo. Felizmente é portuguesa, não tem problemas nem com dinheiro nem passaporte, mas um de nós estaria em apuros. Estou escrevendo isso para aconselha-los a não submeterem-se a essa exploração e enganação do turismo ruim. Acho até que a prefeitura da cidade financia essas pobres mulheres para passarem por essa vergonha pública, tal o numero de turistas que percorrem essas ruas. Com isso quero dar minha colaboração para os que vão a Amsterdam. Não caiam nessa. A curiosidade não vale à pena. A cidade oferece tanta beleza, alegria, confraternização que é chocante e degradante o espetáculo oferecido a turistas desavisados. Fui como boi vai para a matança, não tinha realmente ideia do que iria ver. É a única má lembrança que levo para sempre desse continente que cada dia me encanta mais.

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