segunda-feira, 30 de junho de 2014

DOIS MENINOS, DUAS HISTÓRIAS, DOIS VALORES.

FERNANDO AZEVEDO

No dia 27/10/45 nascia em Caetés distrito paupérrimo de Garanhuns o menino Luis Inácio da Silva o sétimo filho dos oito que os pais colocaram no mundo. A chamada paternidade irresponsável pouco conhecida naquele tempo. Pais pobres e agricultores. Em 7/10/54 nascia no noroeste pobre de Minas Gerais no município de Paracatu, o menino Joaquim Barbosa, primogênito de um casal também enquadrado na paternidade irresponsável de oito filhos. O menino Luiz Inácio era branco. O menino Joaquim preto. O pai de Luis Inácio abandona a família e foge para São Paulo com uma prima da mulher e lá com ela e com outras faz uma prole de mais de 22 filhos. O pai de Joaquim também abandona a família. O menino Luiz Inácio come o pão que o diabo amassou e vai vender laranja no porto de Santos, engraxar sapatos e realizar outros trabalhos subalternos, pois nenhum preparo tinha porque o pai achava que menino não devia ir para a escola e sim trabalhar. O menino Joaquim estudava em escola pública do município. Luiz Inácio já mais velho foi trabalhar como metalúrgico e na indústria por mau manuseio de um torno esmagou o dedo mínimo que teve de ser amputado, recebeu indenização e foi aposentado por incapacidade física. Joaquim como arrimo de família foi para Brasília e lá se empregou numa gráfica para se manter e aos seus, mas continuava seus estudos sendo aprovado no vestibular da Faculdade de Direito. Luiz Inácio vai no ABC paulista em pleno regime da ditadura militar se tornando um líder popular. Joaquim forma-se em Direito, começa a advogar e presta concurso para o serviço público e começa sua vida como magistrado. Luiz Inácio adquire tamanha liderança que candidata-se a Presidente da República fundando o Partido dos Trabalhadores, o partido da ética e da probidade protegido da igreja e da universidade brasileira. Joaquim segue com seus estudos no Brasil e no exterior onde se torna Mestre e Doutor em Direito e passa a falar com fluência o italiano, francês, alemão, inglês e espanhol. Luiz Inácio exalta a ignorância como escudo gabando-se de não conseguir ler mais de três páginas de um livro. Passa-se o tempo e depois de quatro tentativas Luiz Inácio torna-se Presidente do Brasil. Joaquim trabalhava nos Estados Unidos e recebe o convite para voltar à pátria e ser Ministro do Supremo Tribunal Federal. O PT, o partido imaculado já estava borrado na sua honestidade e seria uma jogada colocar o primeiro ministro negro no cargo mais alto do STJ. Joaquim aceitou o convite. Por essas coincidências da vida estoura a podridão do governo dirigido por Luiz Inácio o Lula metalúrgico de outrora, o homem que detestava as elites como chamava o brasileiro mais culto e mais rico e quem vai julgar é justamente o Joaquim que por ter um sério problema na coluna vertebral, não se curva, não se abaixa, e como não teme a dor, não tem medo de nada. Termina o julgamento dos mensaleiros jogando-os na cadeia. Passa a ser um homem ameaçado de morte pelo PT que já tinha entre os seus cadáveres Celso Daniel. Resolve Joaquim se aposentar depois de consagrado pelos homens de bem. Em todo lugar público que vai é recebido e aplaudido de pé. Luiz Inácio se esconde e foi vaiado no Maracanã a maior honraria que um pulha pode receber. Aí estão duas histórias a serem julgadas. A diferença está clara entre os dois meninos. O menino preto gostava de ler livros. O menino branco poderia ao menos rouba-los. Preferiu outras coisas.

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