segunda-feira, 9 de junho de 2014

DISPUTA, INVEJA, DINHEIRO.




FERNANDO AZEVEDO

Há alguns anos atrás fui convidado para fazer a palestra de abertura de um Congresso Pediátrico da Unimed Recife. Ex-alunos que eram dirigentes da entidade foram responsáveis por isso. Quando terminei a exposição levantou-se da plateia um ex-professor meu no Rio de Janeiro onde fiz Residência Médica e foi até o palco para dizer do orgulho e satisfação de naquele dia ele estar no auditório e eu no palco. Seu nome: Antonio Marcio Lisboa, Professor de Pediatria em Brasília hoje com mais de 80 anos e em plena atividade, o Pediatra mais brilhante que conheci. Exemplo se copia. Quando fui Professor da Faculdade de Ciências Médicas deixei em meu lugar alunos que se tornaram mestres e chefe de serviço. No Barão de Lucena ex-residentes hoje são meus professores em diversas especialidades e a eles recorro sempre que o calo aperta.  Infelizmente a classe vive hoje uma cena lamentável com um professor mandando matar um aluno que o sobrepujou. O que seria motivo de alegria tornou-se uma tragédia. Não conheci o colega, o jovem Arthur Azevedo, que além de médico era também um músico e sua ausência traz um duplo vácuo nas duas artes. Infelizmente esse fato não é uma exceção, mas uma regra por incrível que pareça, sobretudo nos serviços universitários e não só aqui, mas no mundo. Grupos que brigam entre si e que impedem em organização de congresso convidar fulano, pois  beltrano não vem. Uma lástima. A inveja é pecado capital e a penalização ao invejoso é forte e duradoura porque o faz sofrer cotidianamente. O brilho dos outros o incomoda e ele não se conforma com isso. A Medicina não é uma profissão para construir fortuna. Essa pertence a outras categorias e aos empresários da própria medicina. Hipócrates, nosso pai e São Lucas nosso patrono foram missionários. No nosso juramento está a orientação fundamental para nossa conduta: “Prometo que ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se cumprir esse juramento com fidelidade, goze eu para sempre a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens; se o infringir ou dele afastar-me suceda-me o contrário” A profissão é dificílima e exige professores de alta categoria para que os alunos se espelhem em suas vidas. Não se pode multiplicar faculdades e formandos sem que haja um apuro técnico e ético. Meu caro Arthur você está entre nós pelo seu exemplo e seu caráter. Seus assassinos que tenham vida longa nas cadeias brasileiras e mesmo que soltos o que não é improvável serão diuturnamente castigados por Hipócrates.

Um comentário: