domingo, 22 de setembro de 2013

O CHICOTE DE LOURDINHA

FERNANDO AZEVEDO


Romero Carvalho, grande colega obstetra e amigo, na pureza de sua infância chegou em casa depois de brincar com seus vizinhos, filhos do Dr. Eraldo Gueiros que torciam pelo América. Contente da vida disse:- Mamãe, eu agora sou do América! – É meu filho? Pois vamos ver! Ela egou um cinturão e disse: - Comece agora: N – uma chicotada, A – mais outra – U – um ui e mais uma lapada, fazendo a diferença onde nas vogais apanhava com o couro e nas consoantes com a fivela. T-I-C-O. –Qual é seu time meu filho?- Náutico, Náutico Náutico. –-Agora um beijinho meu filho!  Lúcia e Solange, (as irmãs Carvalho) irmãs de Romero foram a uma festa de uma amiga de infância e lá no meio da noite o sogro da aniversariante chegando à sala disse: - O Náutico é um time de merda. – O que seu filho da puta? E partiram pra cima e acabaram a festa, sendo levadas pelos anfitriões até o elevador com mil pedidos de desculpa deles. Pesava sobre elas a lembrança do chicote de Lourdinha e se não tomassem essa atitude sentiriam no lombo a surra imaginária. E assim se faz um clube, com tradição familiar de bem querer e quando falo em clube não estou falando de time de futebol. O Náutico começou nas águas do Capibaribe com o nome de Recreio Fluvial. Em 1901 tornou-se Clube Náutico Capibaribe.  O futebol entrou décadas depois e é seu carro chefe sem dúvida e por quem sou torcedor apaixonado e fardado. Distingo meu comportamento na sociedade e na arquibancada onde todas as pornografias são pronunciadas em alto e bom som. Meu pai foi remador na década de 1930. Meu irmão Presidente, meu tio Waldemar presidente do Conselho, meu primo Ricardo Breno foi tudo e é o grande benemérito o maior título conferido a um alvirrubro. Esse sentimento de transmissão hereditária é que torna um clube inextinguível. Nada impede a saudável concorrência e convivência com outros apaixonados. Tenho dois compadres rubro-negros (Garibaldi Gurgel e Gilberto Andrade). Meu diletíssimo colega e amigo Carlos Alberto Soares é tricolor. Romero Cavalcanti que vive tirando graça comigo nesse face, é filho de Pedro Cavalcanti e seu pai era considerado o rubro-negro mais alvirrubro que se conhecia. Morava na Rosa e Silva e jogava biriba diariamente no Náutico. Queridíssimo por nós. Não se abandona o barco quando ele começa a dar água. O Náutico vive uma situação difícil. Quero afirmar que o Presidente Paulo Wanderley é um homem correto e levará seu mandato até o fim com toda coragem e dignidade. Não teve sorte com o futebol, mas a culpa é coletiva. Entenda o próximo presidente que o Náutico é um clube, volto a dizer. A um aceno as mãos se juntam e o socorreremos, mas se quiser dividir, promover brigas internas, apequená-lo com vaidades e interesses pessoais, o chicote de Lourdinha o açoitará. Com o lado da fivela.

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