segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A ARTE E A CURA

FERNANDO AZEVEDO

A palavra Medicina vem do latim ars medicina que significa arte de curar. Não posso deixar de concordar, mas diria que não é só o médico que cura ou a medicina que cura. Lembro muito bem da minha infância alegre, mas tenho cicatrizes das doenças que tive. Brucelose – primeiro caso diagnosticado no Recife e diagnostico feito por meu pai Rinaldo Azevedo que era infectologista. Sarampo com pneumonia e tomando injeções de penicilina de 3/3 horas, oito furadas por dia (quantos dias?) uma das primeiras pessoas a tomar o antibiótico graças ao trabalho também do meu pai na época da 2ª. Guerra mundial na base americano-brasileira do Ibura onde conseguia as ampolas. A Medicina me curou. Depois já perto dos 10 anos Púrpura trombocitopênica idiopática. Parcos conhecimentos sobre a doença, nenhum medicamento (hoje corticosteroides, imunossupressores, retirada do baço em casos crônicos e severos) e eu com hemorragias, sobretudo em articulações. Minha mãe me fez acompanhar a procissão do Senhor dos Passos terminando o périplo deitado em cima da capota de um carro de aluguel e com dores intensas. As últimas que sofri, a ultima hemorragia. Quem me curou? A fé enorme de uma mãe e sua religiosidade. O médico era celeste não terreno. E as curas de Zé Arigó, de Chico Xavier alguém põe dúvida? E as benzedeiras? Ora minha gente nós somos massa e espírito, corpo e alma, e a alma adoece mais que o corpo. Gosto muito de ciências afins daí o título do meu blog PEDIATRIA E ARTE e coloco a música como uma fonte inesgotável de cura. Musicoterapia é ciência médica, acreditem e para ser musicoterapeuta não precisa ser médico, precisa ser musicoterapeuta. Complicado? Não, mas tem gente que só acredita em medicamentos. Todo esse preâmbulo é para falar da péssima assistência médica no Brasil, coisa que deteriorou nesses meus 50 anos de profissão. Só uma pessoa insensata não gostaria de ver seus compatriotas melhorarem o seu viver,vendo-os ao dormir o acordar de um dia seguinte com água, saneamento, assistência à saúde e uma escola para seus filhos já que os velhos não tiveram esse direito. Mas lhes roubam os sonhos esses políticos vagabundos e canalhas. Esgotam-lhes as esperanças. Claro que qualquer pessoa com título ou sem título de médico, (validado ou não validado pelos órgãos profissionais) que colocar uma criança no colo receberá um sorriso de agradecimento. Qualquer componente da constelação familiar dirá “obrigado doutor” a quem lhe der um minuto de atenção. A jogada, no entanto do “Mais Médicos” é mentirosa e cínica e mira as eleições e a perpetuação do poder e dos negócios. Nada contra os estrangeiros que para aqui vieram. O problema é que não se da saúde a um povo dessa forma assistencialista. A saúde é, sobretudo prevenção, higiene, e os investimentos tem que acontecer nessa área, mas nada se faz. Querer fixar médicos nesses rincões de pobreza é impossível e nenhum resultado acontecerá com “importação”. Eles não mudarão em nada as condições do povo. Nós é que temos que mudar e usar o nosso voto para retirar de vez do cenário político os Donadons. Um deputado preso julgado pelo STF não perder o seu mandato é de tirar o sono, uma vergonha internacional. Realmente o gigante não precisa só acordar, é preciso dar plantão.

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