segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A DROGA LÍCITA E AS ILÍCITAS

FERNANDO AZEVEDO


Não quero dar desculpas, mas esclarecer uma cosia sobre drogas. Todos os setentões merecem perdão por terem entrado pra valer em álcool e cigarro. Vocês não podem imaginar o que o pós-guerra com os cowboys americanos tomando uísque puro (daí o nome de cowboy a quem toma uísque assim) e mostrando sua valentia e pontaria com o revolver (outro mal muito usado) os grandes conquistadores tomando uísque “on the rocks”, vinhos e champanhes tragados em festas deslumbrantes. O cigarro no canto da boca característica dos valentes ou nas piteiras dos elegantes era irresistível. Medicamentos a base de álcool para as crianças inapetentes (eu adorava um tal de Glimiton) ou um cálice de vinho do porto com uma gema crua deixando uma leve sensação de embriaguez tornava a falta de apetite um troféu. Os malefícios do álcool e cigarro eram totalmente escondidos se é que eram realmente conhecidos. Conversando com primos de minha idade, relatava um deles que meu tio dava como presente de 18 anos um pacote de cigarros e um isqueiro. Hoje cai nessa quem for ignorante. Uma semana de fumo cria dependência. O álcool como hoje é tomado, diariamente, pois as escolas estão rodeadas de bares e as festas são contínuas principalmente nas férias tem criado dependentes com muita frequência e fico impressionado com isso. DROGA LÍCITA. Lícita porque traz grandes lucros ao país, mas não lembram os males e gastos com a saúde além do fracasso social e familiar do dependente. DROGA ILÍCITA, essa é terrível porque você tem que compra-la na moita, no submundo com dependência química mais forte ainda e mais rápida. É assombroso seu aumento entre os jovens muitos deles associados como patrões do tráfico e infiltrando-se na classe média e alta o que evita o contato dessas pessoas com os marginais, polícia etc. Escrevo como ex-fumante que entre 30 e 40 anos abandonou o cigarro com um trabalho de conscientização. Sabia eu como médico dos males dessa droga lícita. Não foi nem é fácil largar. Mantive minha cervejinha diária noturna até que uma pancreatite me deu um aviso grave para parar. Virei “pastor” como me chamam e ainda é mais difícil largar o copo que o cigarro, pois a toda hora e em qualquer lugar você é convidado para uma dose. O fumante hoje não é aceito, incomoda, mas o abstêmio tem que segurar as pontas pra não cair na tentação.

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