segunda-feira, 13 de maio de 2013

O BODE GAIATO



FERNANDO AZEVEDO


 Finalmente apareceu quem eu queria conhecer, o autor do Bode Gaiato. Recifense, morando em Caruaru e estudando em Campina Grande. Ele me diverte, mas o importante é que ele está resgatando um linguajar autêntico do povo nordestino, assim como seus hábitos sociais e de educação. A pasteurização global do Brasil está extinguindo essa gostosa diferença que existe entre nós. Já me disseram que a Globo tem fonoaudiólogos para corrigir o sotaque de quem é mais “carregado”. Acho uma delícia identificar o alagoano. Basta pedir para contar que quando chega ao oito ele diz otcho. O gaucho com seu tchê e ba, o baiano porreta, retado e meu rei, o indisfarçável carioca, o paulista com sua porrrrrrta, o minerim com seu trem e por ai vai. Pernambuco com seu armaria, vige e ino em vez de indo. Quando assistimos um telejornal e saem chamando os repórteres de todo o Brasil a fonoaudióloga corrigiu tudo. Também me disseram que tem cabeleireiros credenciados para que os cortes sejam iguais. Aí eu vibro com o bode, que mantém os nosso linguajar como ele é, pois não se pode apagar essa memória num pais continental. Isso é arte falada assim como J. Borges é arte desenhada e Vitalino arte moldada no barro. Ele é o Sábado em 30 de Luiz Marinho no teatro.  Na reportagem observa-se que pelo facebook  milhares de brasileiros estão curtindo e compartilhando e com essa participação podem  estar contribuindo para diminuir o bullying pois o bode é um sucesso, inimaginável pelo seu autor. Pode colaborar para que o respeito às diferenças seja mais aceito. O Junin pode ser tese sociológica.  Tô INO embora, parando essa escrivinhação, orgulhoso de ser nordestino e lamentando não ter muito sotaque.

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