segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A CRIANÇA/ADOLESCENTE E O PSICÓLOGO


FERNANDO AZEVEDO

 Os resfriados, pneumonias, meningites  que tanto ameaçam a vida dão trabalho, mas a cura pode ser completa. Lógico que me preocupo muito com a doença orgânica pelo imediatismo de resultados cobrados pela família e pela nossa angústia de ver o mais breve possível a criança restabelecida e novamente pronta pra o que der e vier. Dureza é a doença psíquica. Está virando uma doença epidêmica e o dano é imensurável, pois é uma doença crônica, progressiva. O corpo está lindo, mas a cabeça que é o nosso GPS para a vida pode estar danificada para sempre o que trará prejuízo social e profissional, pois afeta o que mais importa no corpo da gente: o equilíbrio emocional. Nota-se cada dia mais crianças tristes, cobradas, competitivas, agressivas.  Na escola a nota 10 sempre esperada e exigida, quando criança não deveria ter nem nota nem reprovação que só traz soberba para uns e tristeza para outros e  ambos serão vítimas desse desempenho para mais ou para menos. Se participam de alguma atividade esportiva não seguem o espírito olímpico do Barão de Coubertin “o importante não é vencer, é competir e com dignidade” e a criança não está participando por não ter físico apropriado para o esporte que gosta. Tudo tem visão profissional. Esses problemas são a mim trazidos e me pedem a indicação do psicólogo, mas como mudar a criança se não muda o meio ambiente? Os pais, avós, o núcleo familiar enfim é a principal causa do desajuste psíquico, mas as pessoas não querem participar, não tem tempo, não se entendem entre si, brigam na justiça por pensões... Se o desajuste é na escola o que acontece com frequência, também não encontram um ambiente compreensivo e acolhedor. Ora minha gente a psicologia tão necessária para ajudar essas crianças/adolescentes cai por terra sem obter os resultados a que se propõe num tratamento. O abandono das consultas de acompanhamento é quase uma rotina. Comparo com o tratamento contra obesidade quando não se procura uma nutricionista para mudar todo o comportamento alimentar de uma família. Não se obtém resultados sem essa colaboração. Na obesidade, se chega à morbidez,  faz-se a cirurgia bariátrica com estatística favorável, mas não rigorosamente favorável. Mas que intervenção se pode fazer num cérebro obeso de problemas? Precisamos mudar: “Yes, we can”.

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