quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO

FELIZ ANO NOVO

FERNANDO AZEVEDO

Ela se vai mais um caju na nossa vida e é sempre o tempo de renovar esperanças, alcançar objetivos pretendidos e estar sempre otimista para esse ano virgem. O mundo todo comemora essa data intensamente. Quero desejar a todos vocês amigos um 2012 daqueles! Vamos, no entanto, dar uma olhadinha numas coisas que podem atrapalhar esse dia tão gostoso.

1. Não viaje à noite. Nossas estradas são ruins, o cansaço e o sono são inimigos de qualquer motorista. Ninguém socorre ninguém numa situação dessas nos dias de hoje e o automóvel por mais novo que seja pode ter uma pane, um pneu furado.

2. Ainda em relação à viagem cuidado com direção e bebida alcoólica. Não tenha medo da blitz da polícia e sim da blitz de sua consciência, pois a condenação será perpétua.

3. O beber com moderação é o mais sensato. O símbolo do réveillon é o champanhe, mas vá de leve. Se estiver de cuca cheia não carregue crianças, pois você pode cair e levá-las ao chão com trauma craniano inevitável. Isso faz parte da minha vivência de Pediatra.

4. Em relação a alimentação que é dia de desorganização total, cuidado com maioneses e alimentos feitos com batatas (purê etc.) se não souber qual é a fonte. Você pode ser promovido a “rei” no dia seguinte e não sair do trono.

5. Crianças são mais sensíveis ainda e vômitos desidratam rapidamente acabando com a festa.

6. Muito cuidado com piscinas. No dia seguinte está todo mundo com sono e desatento.

7. Crianças pequenas são loucas por água e o hotel não tem salva-vidas nos parque aquáticos. As babás       também estão cansadas.

8. Se estiver de pilequinho cuidado com o mar. “O mar não tem cabelos”.

9. Meus melhores votos de uma festa maravilhosa para todos

10. Feliz 2012.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O FEIO E O BONITO

O FEIO E O BONITO

FERNANDO AZEVEDO

Antonio Maria, o grande jornalista e compositor pernambucano numa de suas crônicas, revela que se descobriu feio no Colégio Marista, porque nunca foi chamado para ajudar a missa como coroinha. É preciso muito cuidado com a discriminação das crianças. Todas são rigorosamente lindas, mas há sempre uma preferência dos adultos por umas e isso causa uma cicatriz indelével no não escolhido. Lembro-me bem quando Professor de Médicos Residentes no Barão de Lucena, algumas colegas colocavam no braço e acarinhavam as gordinhas e lourinhas e eu dizia para elas. - Agora coloque no braço a pretinha, magra e com sarna. Numa coletividade infantil deve-se ter o maior cuidado com preferências. É muito comum o destaque para os mais altos, mais bonitos, mais elegantes, mais estudiosos, sendo esses os representantes das escolas em outdoor, jornal etc. Podem conferir. Os não escolhidos tem a mesma alma dos escolhidos. Se uns sentem orgulho outros sentem tristeza pela segregação. Numa coletividade infantil não deve haver destaques individuais. Isso acontece de uma forma natural pelas próprias amizades pueris. Cada dia mais, são exaltadas as artistas de TV pela sua beleza e estabelecem-se modelos que cada um deseja para si às custas de muita plástica, e botox da vida. Hoje existe em psiquiatria a Síndrome do dismorfismo corporal. É o caso de pessoas que se olham no espelho e começam a ver defeitos inexistentes no seu corpo e iniciam uma série de processos de mudança que nunca satisfazem porque o problema está no psiquismo e não nas formas do seu corpo.  Cuidado, portanto com elogios a uns. O outro tem excelentes qualidades também. Procure descobrir.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

GOSTARIA DE ENTENDER


GOSTARIA DE ENTENDER

FERNANDO AZEVEDO

Desde que todas as maternidades passaram a ter neonatologista em trabalho permanente, nenhuma criança nascendo sem assistência do Pediatra, parei com sala de parto. Por outro lado também surgiram procedimentos tais como uso se surfactantes, respiradores, computadores etc. e ou você se dedica a lidar com essa parafernália ou pede o chapéu e sai. Foi meu caso. Hoje a neonatologia é uma especialidade importantíssima e exige praticamente dedicação exclusiva. Uma coisa, no entanto está me intrigando. Pela parte obstétrica o índice de mais de 95º de partos cesarianos. Sem defesa. No lado do Pediatra a proibição da mãe de comer quase tudo. Medicina é conhecida por ser a ciência das verdades transitórias. Agora a verdade é proibir  leite e derivados, chocolate, ovo, frutas cítricas, feijão e uma enorme lista de alimentos. Chegam as mães geralmente perto dos trinta dias de vida do bebê ou mais, quando recebem alta do neonatologista, esfomeadas, tensas, nervosas, coisas que acabam com a amamentação para cuja produção do leite exige uma mãe feliz e em paz. No aspecto físico geralmente “um bagaço” como elas próprias dizem (não sou eu) porque não podem pintar as unhas, pintar os cabelos, ficarem bonitas como antes o que também altera o psiquismo contribuindo para fracasso da amamentação. Apresentem-me ,por favor ,um trabalho sobre qualquer alteração num recém nascido entre mães que pintaram as unhas e as que não pintaram. Veja bem, trabalho científico é coisa muito séria e a estatística em grupos aleatórios fundamental. Apresentem-me um trabalho entre dois grupos que pintaram os cabelos e que não pintaram. Será que alguém vai fazer uma pesquisa sobre isso? Se não tem pesquisa não há verdade. E sobre alimentos? Claro, óbvio ululante, que os alimentos passam suas proteínas para o leite materno, mas quem disse que a criança vai ter alguma reação a eles? Onde está a verdade? Por que proibir todos? Como vai saber o que faz mal? É verdade que descendentes de famílias alérgicas serão alérgicos também numa grande proporção. Ai existe pesquisa, percentuais, toda uma metodologia. Mas por que não pode a mãe comer o que gosta? Se houver reações alérgicas numa criança amamentada o bom senso manda que se faça uma investigação dos hábitos alimentares e se faça dieta de exclusão temporária de certos alimentos, aí sim, para ver se há alguma relação. Se na reintrodução o problema volta, pode se chegar a uma conclusão. Cuidado maridos não é confiável dormir com uma “mulher bagaço” e faminta, pois foi você o culpado de tudo certamente. Cuidado mulheres jovens com seus maridos malhados, não fiquem “bagaços” que a concorrência tá de lascar!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

OS CONCURSEIROS Matéria publicada no Diario de Pernambuco

Os concurseiros


FERNANDO AZEVEDO
Recife, sexta-feira, 30 de setembro de 2011



Abaixo a hipocrisia! Dinheiro é necessário, é bom, mas em minha opinião apenas para uma vida digna. Morar com conforto, ser dono do seu cantinho, alimentar-se bem, dar bem-estar e educação de qualidade a seus filhos e ter direito de assistência à saúde. Por que não umas férias e viagem com família e amigos? Mas, para que ter dinheiro demais? Será que leva no caixão feito faraó? Maioria das vezes serve para confusão de herdeiros e no nosso país para pagar seguranças e andar na rua com carros blindados. Estabilidade financeira é bom? É ótimo sobretudo na velhice. E a felicidade psíquica, o equilíbrio mental? Isso não tem preço! Vamos observar então uma cena que tenho assistido com muita frequência na minha vida de pediatra e é esse o motivo para reflexão.

Grande parte do universo estudantil de hoje, sobretudo os da área jurídica já entra na faculdade visando um concurso público federal de preferência. São CDF mesmo e direcionam seus jovens anos de vida aguardando a oportunidade de terem um belo salário pro resto da vida. Muitas vezes passam brilhantemente e os festejos são ruidosos. Ai vem a locação: Boca do Acre, Curiópolis, Raio que o parta, etc. E começa a desorganização psíquica, a fossa, a saudade, a imaturidade para tão grande mudança. Perdem os amigos fraternos, entram os virtuais que não transmitem o calor de um abraço e o mel de um beijo. Se casados a coisa é mais grave. Famílias praticamente desfeitas, filhos sem mais a presença do pai ou da mãe no café da manhã ou, sobretudo em qualquer doença que exige na prescrição colo, e carinho. Avós sobrecarregados em recriar filhos, sem mais disposição para isso e injustamente recrutados para a substituição. O trabalho do transferido decepciona, o rendimento cai, o psiquismo alterado é notado pelos chefes e colegas. Acionamento de políticos, sempre eles, para voltarem para a terrinha, às vezes pedidos conseguidos, às vezes negados. Frustração.

A solidão geralmente os leva ao bar mais próximo. “Muito chope gelado, confissões à beça” e mais um risco: o alcoolismo, porta de entrada para outros convidados. Eu me confesso um provinciano, que se retirado do meu habitat, de dar risadas com os meus amigos, de não vestir uma camisa do Náutico e democraticamente obrigar a todos os descendentes usarem essa farda, morro um pouco a cada dia. Já morei no Rio e lá casei. O Rio e Janeiro era um sonho de juventude, do violão, da bossa nova, da boêmia, que juntaria à Medicina e seria o homem mais feliz do mundo. Não aconteceu. Trouxe um pedaço do Rio comigo. Durmo há 45 anos com uma carioca do Flamengo bairro, não do Flamengo time, mas acordo todo dia e beijo o chão do Espinheiro onde nasci, das Graças onde trabalho e de Casa Forte onde moro. Não sou cidadão do mundo orgulhosamente! Você é?

FERNANDO AZEVEDO
Médico Pediatra
fj-azevedo@uol.com.br

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A CRISE NA EUROPA

A CRISE NA EUROPA

FERNANDO AZEVEDO

Acho que essa manchete está em todos os jornais, telejornais, nas colunas de jornalistas econômicos etc. Mas chegou também na medicina.  Meditem sobre esses tópicos de um artigo que li recentemente e comparem com nossa situação vocês que são pais e avós.
1.       Com a crise, avós espanhóis sofrem estresse por excesso de responsabilidades com os netos
2.       Alguns avós se sentem angustiados pelo excesso  de trabalho.
3.       Cuidar dos netos pode ser um prazer, mas também um problema. Um relatório espanhol indica que desde o inicio da crise econômica em 2009 o número de avós que passaram a cuidar  dos netos para ajudar o bolso dos filhos aumentou 47% e com isso subiu o nível de estresse dos mais velhos
4.       Diante dos cortes e gastos dos pais com creches, atividades extraescolares e babás, os avós viraram serviços de primeira necessidade. Assim 50% dos maiores de 65 anos na Espanha cuidam dos seus netos diariamente. 45% o fazem toda semana.
5.       Em 1993 apenas 9,5% dos avós cuidavam dos netos
6.       Na Grã Bretanha uma de quatro famílias recorre aos avós pára cuidado das crianças.
7.       Os avós espanhóis não sabem se utilizem na educação os seus critérios ou o dos seus filhos
8.       Reinvidicam seus direitos de serem avós e não educadores
9.       Temem que depois de cuidarem de filhos e netos durante toda a vida, ninguém se preocupe por cuidar deles
10.   Estão aumentando as consultas médicas por estresse e ansiedade segundo as pesquisas da Sociedade Espanhola de Geriatria  e Gerontologia feitas para o Ministério da Saúde.
11.   O Psiquiatra Paulino Castells, uma das maiores autoridades nacionais (Espanha) no assunto com 18 livros publicados acredita que o papel dos avós nos tempos de crise é tão importante que “se fizessem greve o país entraria em colapso”
12.   Está havendo uma mudança hierárquica. Pais que procuram refúgio no lar da infância se transformam em irmãos mais velhos dos seus filhos e isso é um erro.
Esses são os tópicos principais e merecem uma reflexão, Estamos numa situação melhor em minha opinião em relação a “essa crise”. Babás são frutas raras e maioria não presta e por isso os berçários e as escolinhas proliferam. Mas aqui o que vejo é falta de avós, que se agrupam em clubes da terceira idade, viagens ou mesmo trabalho. Os avós fazem muita falta, não como educadores e sim como deseducadores que os netos adoram e se apegam.
Já comprou a plaquinha “NA CASA DE VOVÓ PODE TUDO” ou quer ir morar na Espanha, na Europa, no primeiro mundo?                

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A ESTATURA DAS CRIANÇAS

A ESTATURA DAS CRIANÇAS

FERNANDO AZEVEDO

Há uma preocupação permanente da parte dos pais sobre a estatura do filho. Se essa preocupação já existir na gestação vá abandonando logo o cigarro e a bebida, dois fatores importantes para gerar uma criança de baixo peso e estatura. Algumas doenças podem também ser a causa de modificação na curva de crescimento, sobretudo doenças crônicas, doenças metabólicas, síndromes  etc. O fator principal determinante da estatura final é o genético. Famílias altas tendem a ter os filhos maiores. Filhos de baixinhos vão ter filhos baixinhos também e na mistura pode sair uma criança bem maior que a outra. Que importância tem isso? Essa valorização exagerada do corpo não tem o mínimo sentido. O que interessa é a cabeça, a inteligência, o potencial intelectual de cada criança. Colocá-las para praticar esportes para crescerem é decepcionante. Escolhem-se os altos para goleiros, jogadores de  voleibol ou basquetebol e os pequenos para jóqueis, automobilismo, ginastas. Cada esporte exige um tipo físico. Corredores de maratona obrigatoriamente são magrinhos e pequenos, os de corrida de explosão e alta velocidade são extremamente musculosos. Não obrigue seu filho comer dizendo que “se não comer não cresce” . Outro fato que perturba é na puberdade. Uns crescem logo aos doze anos e outros aos quinze. É o retardo puberal constitucional muito comum. Muitas vezes acompanhamos com exames tipo radiografias do punho ou dosagens hormonais que geralmente são normais. Pensar em usar hormônio do crescimento é absurdo, mas infelizmente se vê por aí, o que arrasa o bolso do pai/mãe e não adianta de nada pois ele só funciona quando realmente há déficit desse hormônio. Prepare então a cabeça da criança e deixe o corpo em segundo plano até porque a cabeça ele vai precisar durante toda sua vida e o corpo belíssimo de algumas  pessoas às vezes não agüenta muito tempo. Fica um caco!

ESTORIAS DE CONSULTÓRIO
Depois de muito sorvete e refrigerante no Parque da Jaqueira, Henrique queria fazer xixi com urgência. E lá vai o pai com ele para o banheiro e abre o zíper, e lá está camisa por dentro da calça, cueca, e nada do pai achar o caminho pra botar a pitoca  do filhote pra fora.
É quando Henrique já desesperado grita:  -Vai pai!
-Me ajude a achar a pitoca Henrique.
-”Já passasse por ela três vezes pai”!