segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A INICIAÇÃO MUSICAL DE UMA CRIANÇA

A INICIAÇÃO MUSICAL DE UMA CRIANÇA

FERNANDO AZEVEDO

Não entendo como há 65 anos, quando tinha 6 anos de idade o Instituto Recife de Eulália Fonseca uma das maiores educadoras que Pernambuco conheceu, nos dava oportunidade na escola primária de cantar todos os hinos (Nacional, da Bandeira, de Pernambuco) nas solenidades dedicadas a esses dias e festas de fim de ano, a escola tinha um coral do qual fazia parte e me enchia de prazer e alegria, tínhamos aulas de artes plásticas que faziam parte de uma exposição anual de trabalho dos alunos, havia o que se pode chamar de grêmio escolar com as funções de Presidente, Secretário, onde aprendíamos a redigir atas, presidir uma sessão, passar telegramas e escrever cartas, ler jornais, fazer visitas a fábrica Pilar, Fratelli Vita para se entender uma indústria. Tínhamos as aulas de ditado e descrição onde se analisava, por exemplo, um quadro e cada um com sua percepção escrevia sobre o que via. Quase todas as casas tinham um piano e minha querida e saudosa Tia Lola foi uma das melhores professoras junto a um bom número de colegas que iam de casa em casa ou recebiam os alunos na sua, para ensino do maravilhoso instrumento e percepção da boa música. Acho o ensino da música fundamental. Não esperando que todos se tornem músicos, mas que apreciem essa arte. Para não falar sem base pedi ao querido amigo Nenéu Liberalquino um dos maiores músicos e violonistas do mundo, com formação em universidade americana a sua colaboração. É  há anos o regente da Banda Sinfônica Cidade do Recife.
“Os cursos de Iniciação Musical oferecidos pelas escolas de música do Município e do Estado são para crianças a partir dos  7 anos, mas há escolas particulares que já trabalham a iniciação musical com crianças a partir dos  5 anos.Esse tipo de iniciação musical trabalha só com pequenos instrumentos de percussão e flauta doce. Instrumentos de sopro como trompete, trombone, trompa, tuba, clarinete, flauta transversa, oboé, fagote, saxofone exigem uma constituição física adequada, por isso as crianças começam a tocar esses instrumentos entre os 8 e 10 anos de idade. O piano, por ser o mais anatômico de todos os instrumentos, pode se iniciar a partir dos 5 anos, geralmente. Já o violão e outros instrumentos de corda (bandolim, cavaquinho etc.) a partir dos 7 anos em geral”
Não vi na educação dos meus filhos nenhum estímulo. Agora com os netos também não. Por que?
Vejam o sucesso da Orquestra Cidadã dos meninos do Coque e outros trabalhos importantes em comunidades, com resultados surpreendentes.  Ouvindo a boa música seu filho jamais escutará “não posso não, minha mulher não deixa não” e outras seboseiras que há anos invade os ouvidos infanto- juvenis.

2 comentários:

  1. Dr. Fernando, pergunto-me a mesma coisa: onde está a educação sadia da arte e da música, da leitura e do contar estórias, que havia outrora? Posso me considerar um privilegiado, por ter vivido essas fases que me têm formado o caráter desde então. Feliz em ter aprendido a tocar flauta doce, em seguida trombone, e, por fim, oboé, isso sem deixar de passar pelos instrumentos de percussão, incluindo o xilofone. Pude aprender muito das técnicas de pintar, de fazer esculturas. Li muito, quando infante. Não sei até hoje o que é melhor. Venho de uma família em que muitos tocam algum instrumento, e isso não nos fez músicos, a não ser durante o momento em que necessitamos: o do aprender a gostar de coisas boas. Sei que a evolução nos aponta outras formas de aprendizado, mas estas, hoje, ficam longe daquilo que praticávamos tanto: o CRIAR. Sim, o CRIAR! Hoje, há muito pouco que se crie em arte genuína. Sinto muita falta disso. Quero para os meus filhos a amplidão do CRIAR, sem afastá-los da possibilidade de acompanhar o que tem se apresentado como criação, em termos de tecnologia, onde, boa parte de nós, ao invés de criar, nos tornamos meros usuários. Devemos, sim, equilibrar essas duas coisas, em prol de uma sanidade para nossos filhos, em prol de podermos vê-los crescer com saudáveis memórias de suas infâncias, assim como as temos nós hoje. Obrigado por suas gentis palavras, que me fizeram relembrar minha tão saudosa infância.

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  2. Eu diria o mesmo, mas é diferente de o que o Sr. viveu. Eu nasci numa familia pobre, mas atistas, meu pai cantava e dançava assim como a minha mae, cantava e dançava. Eu cresci nesse ambinte acabei consumindo toda poeira artistica dos dois, agora sou musico tradicional e me dedico no ensinamento as crianças a acntarem, tocarem e a dançarem os ritmos tradicionais da mina terra! Cresci num mundo impossibilitado, mas consegui fazer o possivel criar uma (Associaçao Amigos da Criança Boa Esperança-ACABE)que se dedica na promoçao e protecaçao dos Direitos da Criança atraves de Musica e dança tradicional. A outra arte que perdi ao meio caminho é a de pintar, mas a de fazer utencilios, essa nao me escapou, sou artesao de meio palmo faço (Peneiras, cestos de palha, esteiras, chapeus de palhas e sapatos). Mas apesar disso tudo, enfrento grandes dificuldades, o meu grande desafio é de continuar a estudar estou parado e nao consigo mais progredir por causa da orfandade que me assola dia-a-dia. O pior é sou deficiente, tenho membros inferiores paralisadas, mas consigo me movimentar atraves de triciculo.

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